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Foodtechs e o futuro: a tecnologia vai revolucionar a nossa alimentação?

De acordo com a ONU, Organização das Nações Unidas, o mundo precisará produzir 70% mais alimentos até 2050. A razão para isso é conseguir atender a nova demanda populacional mundial, que deverá chegar a 9,6 bilhões até esse mesmo ano.
O fato é que não basta apenas produzir mais. É essencial pensar em formas realmente sustentáveis de aumentar essa produção, a fim de proteger o meio ambiente, as pessoas e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento alimentar necessário.
Isso significa que são necessárias medidas que abranjam todas as etapas que envolvem essa rede, ou seja, ir desde o plantio, passando pela colheita, até o momento que o alimento chega à mesa do consumidor final.
As ações das foodtechs, startups voltadas para o ramo alimentício, têm se mostrado uma importante contribuição para que esse objetivo seja alcançado.
O uso amplificado da tecnologia para resolver problemas específicos desse setor já viabilizou, por exemplo, a criação das chamadas fazendas verticais, que permitem o aumento das áreas de plantio com menos impacto ambiental (consumo de água reduzido) e garantia de produção estável ainda que em condições climáticas insatisfatórias
Aqui, vale destacar que as foodtechs atuam em diferentes frentes, tais como utilizando a tecnologia para a criação de novas categorias de bebidas e alimentos, otimizando serviços de entrega, aproximando produtor e consumidor, entre outras.
Principais formas de atuação das foodtechs brasileiras
Segundo o relatório "Foodtech Report 2022", da Distrito, o Brasil conta com 337 startups do setor alimentício, as quais têm atuações distintas, mas todas com o objetivo de promover uma revolução positiva para esse mercado.
Considerando as abordagens dessas startups, elas estão divididas da seguinte forma:
Super Foods & CPG (99): empresas que usam a tecnologia para a criação de novas categorias de bebidas e alimentos, comumente associada a matérias-primas alternativas.
Food Delivery & Logistics (75): companhias que viabilizam a entrega de alimentos do produtor diretamente para o consumidor final, com agilidade e segurança.
Smart Kitchen & Restaurant Tech (58): oferta de soluções tecnológicas que contribuem para aumentar a eficiência das cozinhas, dos processos internos dos restaurantes e a interação dos clientes com o food service.
Farm to table (40): empresas que criam ferramentas para reduzir os intermediários e aumentar a eficiência da cadeia de suprimentos.
Food Safety & Traceability (29): startups que usam a tecnologia para criar soluções que permitem identificar alimentos impróprios para consumo, para aumentar a vida útil dos produtos e para melhorar a rastreabilidade na cadeia de suprimentos.
Consumer Apps & Services (19): companhias que trabalham para a criação de aplicativos voltados para acesso à informação alimentar, como nutrição, e também para compartilhamento de informações sobre restaurantes.
Waste Management (17): startups usam a tecnologia para reduzir desperdício de alimentos, promovendo uma melhor distribuição entre os envolvidos nessa cadeia.
Sugestão de leitura: "Logística sustentável: por que precisamos discutir esse tema no país?"
Exemplos de foodtechs brasileiras
Como você pôde ver, são várias as frentes que estão sendo trabalhadas pelas foodtechs. Mas mesmo com toda essa diversidade, esse ainda é um segmento que está se iniciando no Brasil, segundo constatado pelo relatório “Liga Insights Food Techs”, citado em uma matéria da Forbes.
Entretanto, isso não significa que as ações das footechs brasileiras são menos relevantes ou impactantes. Bem ao contrário disso, a própria reportagem da Forbes apresentou alguns modelos de startups que estão fazendo a diferença nesse ramo, especialmente no que se refere a entrega de alimentos frescos, saudáveis, e nutritivos para os consumidores finais.
Entre as abordagens adotadas por essas empresas estão:
serviços de entrega de alimentos congelados preparados com produtos orgânicos e de agricultura familiar;
soluções para promover a conexão entre pessoas que buscam alimentos saudáveis a pequenos produtores rurais;
ofertas de refeições em pó ou similares, elaboradas por engenheiros de alimentos e nutricionistas, que suprem as necessidades nutricionais de uma refeição completa;
fornecimento de pratos ultracongelados produzidos com alimentos 100% naturais, livres de conservantes e aditivos;
fabricação de alimentos 100% plant-based;
clubes de assinaturas para entrega de alimentos cultivados em estufas hidropônicas, ou seja, sem solo e com as raízes submersas em água.
Uma reportagem recente da Revista Casa e Jardim ajuda a complementar essa lista, com exemplos de foodtechs nacionais que estão contribuindo para melhorar o setor alimentício do Brasil com suas soluções, que englobam:
serviços de assinatura para entrega de cestas com alimentos orgânicos próprios para consumo, mas considerados fora das exigências estéticas para outra forma de comercialização;
plataformas contra desperdício de alimentos, que conectam empresas a consumidores que têm interesse em comprar produtos que sobraram nas lojas ou com vencimento próximo;
paltaformas que conectam empresas, ONGs e pessoas físicas, a fim de reduzir o desperdício e fomentar a distribuição incorreta de alimentos;
tecnologias que possibilitam a fabricação de carne cultivada;
aplicativos que ajudam a aumentar a movimentação de clientes em restaurantes em horários menos frequentados.
Leia também: "ESG em startups: negócios verdes chamam a atenção de investidores"
Conheça a importância das foodtechs com este case de sucesso
O iFood, foodtech investida da Movile, é outro ótimo exemplo de empresa que tem revolucionado o setor alimentício nacional. Um dos principais motivos é que a companhia fechou 2021 com uma série de ações voltadas para inclusão, educação e meio ambiente.
Por exemplo, o iFood usou a tecnologia para combater a insegurança alimentar com a criação de hortas urbanas, gerando 1,7 tonelada de alimentos orgânicos todos os meses, os quais são destinados para famílias em situação de vulnerabilidade da cidade de Osasco, em São Paulo, onde a empresa tem sede.
Outra ação é o projeto "Todos à mesa", que promove a redistribuição de alimentos com o objetivo de combater o desperdício.
Essas medidas de ESG do iFood vão ao encontro dos direcionamentos apresentados no "Relatório de Recursos Mundiais: Criando um Futuro Alimentar Sustentável" da ONU, que aponta a necessidade de mudanças na maneira como os produtos são produzidos e consumidos em todo o mundo.
Segundo o levantamento, governos, empresas, agricultores e consumidores, precisarão fazer modificações significativas para enfrentar os desafios alimentares que estão por vir, os quais englobam questões climáticas, de proteção ao meio ambiente e de quantidade suficiente para suprir a necessidade de toda a população.
Do ponto de vista de Tim Searchinger, pesquisador sênior do WRI e principal autor do relatório: "A tecnologia será uma das chaves para o sucesso futuro do sistema alimentar. Não há potencial realista para criar um futuro sustentável de alimentos sem grandes inovações”.
Ou seja, as foodtechs estão no caminho certo para o futuro!
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