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ENTREVISTA | DeFi: a descentralização dos serviços financeiros e o impacto dessa tendência

Entrevista com Hugo Mathecowitsch é CEO & Cofundador a55


Hugo Mathecowitsch

DeFi, sigla em inglês para o termo Finanças Descentralizadas, consiste no uso da tecnologia blockchain para criar e oferecer serviços e produtos financeiros sem a necessidade de intermediários, nem supervisão de órgãos reguladores e bancos centrais.


Na prática, empréstimos, por exemplo, podem ser feitos diretamente entre duas pessoas, que têm o respaldo dos smart contracts (contratos autoexecutáveis) como garantia de segurança para a realização desse tipo de transação.


Caso ainda não conheça a tecnologia blockchain, trata-se de uma rede formada por blocos, os quais armazenam de maneira criptografada dados e informações pertencentes a uma determinada operação.


Para entrar nessa cadeia, esses dados precisam ser validados pela comunidade que a forma, por meio de um processo de consenso, o que já pode ser visto como uma das suas camadas de segurança.


Outra que merece ser citada é o fato que todas as informações recebem data e hora da sua criação, o que garante que tudo seja registrado em ordem cronológica.


Somado a isso, por mais que haja transparência na visualização dos dados contidos nos blocos, uma vez inseridos na rede eles não podem mais ser modificados, nem mesmo por quem os criou, o que confere ao sistema a característica de imutabilidade.


Esses princípios, inicialmente, eram usados apenas para a criação e movimentação das criptomoedas, mas devido à segurança atribuída aos processos, abriu caminho para o uso em outras vertentes.


O uso da DeFi no Brasil

Uma das vantagens da DeFi é a possibilidade de realizar diferentes transações financeiras sem a necessidade de intermediadores, o que tende a gerar menos custos para as operações.


Além disso, por se tratar de finanças descentralizadas, significa que elas são livres de fronteiras e que podem ser utilizadas por qualquer pessoa, independentemente de regras e restrições de bancos centrais.


Por mais que tudo isso soe bastante promissor e benéfico, no Brasil a DeFi ainda não está sendo tão amplamente utilizada.


Para Hugo Mathecowitsch, CEO & cofundador da a55, fintech brasileira especializada em empréstimo para empresas da nova economia e uma das investidas da Movile, o desenvolvimento das finanças descentralizadas (DeFi) ainda é embrionário no Brasil.


“Surgiram uns poucos anos atrás as moedas descentralizadas e agora vem a primeira onda de DeFi aplicada a investimentos. O crescimento está se tornando acelerado, mas a magnitude do alcance destas soluções ainda é incipiente”.


O impacto da DeFi no setor financeiro e além dele

Mathecowitsch chama a atenção para o fato que a chegada dos ativos digitais, fomentados pela tecnologia blockchain, pode impactar nas ofertas atuais e no modo de atuação dos bancos digitais.


“Os bancos digitais tiraram negócios dos bancos tradicionais. Por sua vez, a chegada dos ativos digitais pode tirar negócios dos bancos digitais para os superapps, que têm interações de consumo direto com clientes e que poderiam ser a frente de adoção e de distribuição de ativos digitais, até mais facilmente que os bancos digitais”.


Mas apesar de essa descentralização estar muito relacionada aos serviços financeiros, o CEO e cofundador da a55 também destaca que ela pode impactar outros setores além desse.


“A descentralização vai afetar todos os setores que estão sofrendo de confiança, velocidade, intermediação, alto uso de propriedade intelectual e rastreabilidade.


Os segmentos sujeitos a muita burocracia, corrupção ou que cruzam muitas jurisdições — por exemplo os com alta interação cross-border e multinacional — devem ser atingidos.


Vejo muitas aplicações da descentralização para gestão de administração pública, logística global, gaming e artes”.


Dica de leitura: “Inovação nos meios de pagamento: quais tendências e novidades podem ser promovidas pelas fintechs?


Barreiras para o crescimento da DeFi no nosso país

“O Brasil tem um mercado de capitais profundo, desenvolvido, e já é um líder mundial em Fintechs centralizadas em vários aspectos. Isso dificulta o desenvolvimento de finanças descentralizadas, porque em distintas verticais a centralização de soluções têm dado particularmente certo e não precisa ser disruptada tão cedo — a exemplos dos meios de pagamento, rastreabilidade fiscal, entre outros”


Além desse fato, é preciso considerar também as questões regulatórias, as quais podem afetar o crescimento da DeFi no nosso país.


Para Mathecowitsch, os órgãos reguladores já estão se movimentando para abrir portas para as finanças descentralizadas. Segundo ele, o Banco Central deve andar relativamente rápido com esse assunto. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também se movimentou.


Aproveite e leia também: “O potencial da cashless economy e as tecnologias que impulsionam esse processo


O futuro da DeFi

Pensando em longo prazo— por exemplo, 15 anos —, Mathecowitsch acredita que a DeFi pode transformar o setor financeiro e a tecnologia de uma maneira bastante ampla, por exemplo, facilitando pagamentos internacionais, gerando novos lastros globais, dando acesso global a crédito, favorecendo investimentos globais e a aceleração da “fintechzação” de todos os setores.


A a55, empresa da qual está à frente, já começou a encabeçar este movimento por aqui.


“A a55 iniciou sua jornada em DeFi via operações de crédito cross-border, conseguindo levantar um capital dedicado para a outorga de empréstimos locais de investidores globais superinstitucionais, organizando as regras de subscrição, e retorno do capital dentro do blockchain via um pool dedicado e descentralizado de liquidez organizado na rede Solana”.



 

Hugo Mathecowitsch é CEO & Cofundador a55. Antes da a55, Hugo criou uma boutique de consultoria e assessoria de captação para financiar empresas de tecnologia. Anteriormente, ele também trabalhou em uma gestora de recursos de renda variável em São Paulo no cargo de chefe, sendo responsável pela aquisição de posições de co-controle em small caps nos mercados emergentes. Hugo começou sua carreira em um fundo de investimentos especializado em situações especiais globais, comprado pelo banco Suíço Lombard Odier, com operações nos Estados Unidos e na Suíça. Ele se formou em economia e finanças pela EDHEC Business School em Londres, com programa de especialização na London School of Economics.


 



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