
Redação
Mentalidade de teste: a competência da liderança em 2022

Você pode não ter se dado conta ainda, mas o que estamos vivendo hoje é a maior disrupção no mundo do trabalho desde a Revolução Industrial. Após três séculos relacionando emprego com presença física, subvertemos essa lógica.
Durante a pandemia, percebemos que não há mais sentido em estar no escritório de segunda a sexta, das 9h às 18h. Queremos decidir quando ficar em casa e quando ir à companhia, de acordo com o que for melhor para a nossa vida pessoal, a nossa rotina familiar e as nossas prioridades da semana.
Conversando com executivos e pesquisadores, muitos deles têm apontado que os líderes precisarão ter uma habilidade específica para gerenciar essa mudança de paradigma: a mentalidade de teste. Afinal, se um retorno compulsório ao escritório não vai funcionar, será necessário testar cenários.
Esse pensamento é partilhado por fundadores e CEOs de companhias do calibre de Microsoft e Google. Em seu blog pessoal, por exemplo, Bill Gates sugere uma abordagem de teste A/B no trabalho. "Estou muito empolgado com o potencial de experimentação. As expectativas em torno de como é a produtividade foram derrubadas. Vejo muitas oportunidades para repensar as coisas e descobrir o que está funcionando e o que não está", escreve. E continua: "Talvez você tenha uma equipe tentando uma configuração enquanto uma diferente tenta outra, para que se possa comparar resultados e encontrar o equilíbrio ideal para todos".
Isso tudo exigirá diálogo. A liderança terá de fazer perguntas — muitas perguntas. Como estamos nos sentindo em relação aos acordos e rituais que estabelecemos? Eles estão funcionando de verdade? Estamos perdendo alguma oportunidade de melhorar nossa rotina? Existe algo que precisamos rever?
Ao abrir essa conversa, o gestor terá de escutar os funcionários genuinamente, exercitando a empatia e, mais importante, observando os próprios vieses.
Se você quer voltar ao escritório todos os dias, entenda que quem trabalha com você talvez não queira. Coloque-se no lugar das pessoas. Quais são os motivos que as levam a querer ficar em casa? Deixe-as expor seus argumentos, expectativas e motivações. Permita que sejam honestas sobre seus sentimentos.
Com o cenário mapeado, chame o time para co-criar as regras do jogo: defina com os trabalhadores quais serão os papéis e as responsabilidades; estabeleça com eles acordos e rituais; e desenhe mecanismos de mensurar o desempenho por entregas, não por presença física ou quantidade de horas trabalhadas.
E seja transparente. Todos devem compreender que, neste momento, não existem respostas prontas: as decisões serão tomadas com base em tentativa e erro. Arriscado? Não mais do que a fuga de talentos que deve ocorrer em decorrência da falta de flexibilidade das companhias.
Nos Estados Unidos, mais de 4 milhões de jovens já deixaram seus empregos, num movimento batizado de A Grande Renúncia. Se não tiverem uma contrapartida, muitos brasileiros farão a mesma coisa. Talvez não agora, com a economia enfraquecida, mas basta o país se recuperar para que deixem a empresa na primeira oportunidade que tiverem. Pense nisso.
Para quem chegou até aqui, deixo três dicas de conteúdo para complementar a leitura:
As lições do Google Nesta entrevista ao podcast CBN Professional, Fábio Coelho, CEO do Google, mostra como manter a colaboração dos times mesmo fora do escritório.
Notas do Bill Gates Em seu blog, o fundador da Microsoft compartilha histórias, impressões e dicas de livros interessantes.
Habilidades do futuro Se você está interessado em estudar mais sobre habilidades, vale a pena ler esse material da consultoria Mckinsey, que mostra 56 competências que serão fundamentais para navegar no futuro do trabalho.
Até a próxima ;)
